:: Projeto de Extensão Coordenado pelos professores e jornalistas
:: Erico Abreu (MTb 354-AL) e Francisco de Freitas





De:
Por:
Clique para fazer a busca!
MENU
 

Universidade Federal de Alagoas - UFAL
 

20/10/2011
Cultura
O mundo imaginário do cinema em Alagoas

A produção cinematográfica alagoana mostra um crescimento, apesar das dificuldades

Por Sarah de Paula Mendes

O cinema mostra-se como uma arte antropofágica que reúne a linguagem verbal, a sonora e a visual e traz, consigo, o anseio de captar imagens em movimento. Conhecido como a sétima arte, ele é produzido em Alagoas desde 1933 e agora é evidente o crescimento da produção no estado.

A produção que começou com nomes como Guilherme Rogato (realizador do primeiro longa-metragem alagoano intitulado Casamento é negócio?), Joaquim Alves, Cacá Diegues e Celso Brandão ganha força e fôlego com gente que não desanima frente a todas as dificuldades, sejam elas financeiras ou no que diz respeito à divulgação. São inúmeros os nomes que surgem todos os dias no cenário cinematográfico de Alagoas. Dentre os que produzem há mais tempo, podemos destacar Hermano Figueiredo e, quando se fala da nova safra de produtores podemos, falar de Henrique Oliveira e Larissa Lisboa.

Hermano Figueiredo é exemplo de quem tem um nome no cenário alagoano. O cineasta criou, na década de 70, um envolvimento com a sétima arte que não parou mais. Autor do documentário Calabar, que ganhou destaque em 2007, Hermano lançou, em março de 2010, o curta Um Vestido para Lia, onde divide a direção com Regina Barbosa. Hermano é, também, o idealizador do projeto Acenda uma Vela.

Henrique Oliveira é estudante de Teatro da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e faz parte do grupo de cinema PANAM Filmes, que completará três anos no final de 2010. A PANAM visa à formação de público produtor; pois, de acordo com Henrique, um público que produz, com certeza, consumirá muito. Os trabalhos começaram com publicidade e já partiram para o clipe da banda alagoana Gato Zarolho, a produção de documentários (alguns como produtor associado) e, em 2009, o lançamento de 19:45h horário de Brasília, filme do próprio Henrique; todos os trabalhos foram feitos sem a ajuda de editais. A PANAM tem alguns projetos de filmes para 2010, que começaram a ser gravados em abril. Mas, “Não temos incentivo público nem privado na área. Quem gosta de cinema e quer trabalhar aqui tem que tirar dinheiro do próprio bolso e fazer ‘na cara e na coragem’.”, diz a estudante de Teatro e participante da PANAN Filmes, Pâmela Guimarães. A PANAM filmes apoia o desenvolvimento coletivo das artes, que consiste na união de toda classe de artistas. Agrupar todas as pessoas que vivem de arte seja qual a forma de arte.

Larissa Lisboa, jornalista formada pela UFAL em 2008, sempre adorou ver filmes e quando recebeu a proposta do SESC para fazer um documentário em homenagem ao fotógrafo, documentarista e professor Celso Brandão, firmou parceria com a arquiteta Alice Jardim (assim nascia o Entremeios Visuais) e filmou Celso Brandão. Larissa tem algumas outras produções em seu currículo e, em 2009, lançou o Contos de Película, que tem a participação da PANAM como produtor associado e é o primeiro roteiro da jornalista.

Assim como é crescente o número de pessoas que querem produzir, também cresce as iniciativas que visam divulgar e incentivar a produção local, ainda que timidamente. Como é o caso da Mostra Sururu de Cinema Alagoano que foi realizada, a primeira vez, em 2009 e contou com a participação de 28 produções alagoanas. A mostra foi realizada pela Associação Brasileira dos Documentaristas e Curta-metragistas de Alagoas (ABD&C/AL) no Cine SESI, que é para muitos a casa que apoio e incentivo do cinema alagoano; além do fato de manter o público ativo durante todo o ano.

Há o Acenda uma vela (idealizado por Hermano Figueiredo) que é realizado pela organização cultural Ideário, com o patrocínio do Ministério da Cultura (MinC) através da Secretaria do Audiovisual. O projeto, que sempre conta com filmes alagoanos, pretende levar cinema à população ribeirinha; passando pelas cidades de Japaratinga, Piaçabuçu, Maragogi, Jequiá da Praia, Marechal Deodoro e Maceió. Os filmes são exibidos em velas de jangadas e o público não paga nada por isso. O evento teve sua 5ª edição realizada em março de 2010 e nela foi lançado o Manifesto por incentivo à cultura em Alagoas. “Lançamos o Manifesto na última sessão da temporada que aconteceu em Maceió. Desde então, ele tem circulado por Alagoas e pelo Brasil.” diz Lis Paim, assessora de imprensa do Acenda uma Vela.

E é a fim de aumentar a divulgação para as produções da terra e produzir mais que surge Entremeios Visuais (idealizado por Larissa Lisboa e por Alice Jardim), que acabou tendo como desdobramentos o Entremeios Culturais (boletim semanal cultural) e o Entremeios Virtuais (perfis do Entremeios em redes sociais). Sobre esse trabalho, Larissa afirma que “as atividades principais que desenvolvemos são a criação de vídeos e a divulgação de eventos e atividades culturais”.

Mesmo com o crescimento da produção cinematográfica em Alagoas, são inquestionáveis as dificuldades que se enfrenta para produzir no estado. Não há escolas de cinema; o que há são oficinas e cursos, normalmente oferecidos por quem produz os filmes. Não há uma ampla divulgação, seja de editais, de oficinas e até mesmo das produções. Não há uma política cultural e faltam incentivos. Mas, as pessoas que produzem aqui não mostram pretensão de desistir. Não é fácil, mas, de acordo com o professor de cinema Almir Guilhermino: “O cinema é o mundo do imaginário. Mesmo não vendo um futuro organizado, o cinema não vai virar pó.”.



Clique nas fotos para ampliá-las.

Clique para ampliar