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Universidade Federal de Alagoas - UFAL
 

18/12/2010
Geral
UM É R$ 2 E TRÊS É R$ 5!

Eles estão em constante briga com a polícia, mas se proliferam por toda Maceió. Entenda a luta dos vendedores de DVDs pela sobrevivência

Por Lucas Almeida

Benícia Maria da Silva tem 50 anos e há 25 trabalha como vendedora de DVDs pirata em Maceió. Hoje ela retira seu sustento e o da sua família com sua banca, localizada na Praça Palmares, ao lado do prédio do INSS. Sempre alerta, a vendedora utiliza algumas estratégias para diminuir o prejuízo quando a polícia chegar. “Eu coloco alguns DVDs dentro desse carrinho. Aí, quando os policiais chega, leva só a banca e eu fujo com ele”, relata Benícia.

Seu relacionamento com os policiais é sempre muito tenso, uma vez que já viu várias companheiras de trabalho sendo presas no Centro. Uma delas foi Betânia da Silva Serafim, mais conhecida como a galega do DVD, cuja prisão foi realizada em novembro de 2008, sendo apreendidos 8.300 DVDs. A busca foi realizada pelo Tático Integrado Grupo de Resgates Especiais (Tigre) sob o comando da delegada Kátia Emanuelly. Desde o dia em que foi solta, a galega não possui mais lugar fixo. “Ela sabe que se for presa de novo vai pra cadeia”, ressalta Benícia.

O presidente da Associação dos Camelôs de Maceió, Rosivaldo Moura, 43 anos, afirma que só nas imediações da Praça dos Palmares existem quarenta pontos de venda de DVDs pirata. Os números, segundo ele, em toda Maceió, superam quinhentas bancas de venda. Os associados compreendem todos os vendedores, não apenas de DVDs e CDs, que atuam desde o shopping popular até a Praça dos Palmares. Eles pagam uma quantia de R$ 32 por mês para participar dessa associação cujos benefícios variam desde qualificação profissional até a limpeza e melhoria do espaço da vendas.

José Tavarez Gomes Teixeira é dono de uma locadora há 5 anos e só vende filmes originais. Localizada no terminal do Conjunto José Tenório, Serraria, a Mais Locadora funciona em meio expediente: das 15h30 às 20h45 e, segundo seu dono, geralmente aluga apenas um filme por dia. “Já passei três dias sem alugar nenhum filme”, afirma o proprietário que ainda trabalha como consultor econômico de algumas lojas no Centro. “Eu não sobrevivo da locadora. Aqui não tem fins lucrativos”, completa ele que se diz um apaixonado por cinema. “Quando chego na locadora até a hora de fechar eu fico assistindo filme”, relata. Segundo seus cálculos, já assistiu a mais de 60.000 filmes. O preço pouco competitivo das locações afugenta os clientes que preferem pagar o mesmo valor para comprar um filme pirata ou até mesmo baixá-lo pela internet sem custo nenhum. A Mais Locadora está investindo em filmes blu-ray para alavancar as locações. Apesar de ter um aluguel mais caro, o blu-ray consegue desbancar os DVDs. Segundo o proprietário da locadora, o mesmo filme é locado até três vezes mais em blu-ray do que em DVD.

Segundo dados da Associação Brasileira de Produtores de Discos (ABPD), de 1997 a 2005, por conta da pirataria, o Brasil deixou de arrecadar cerca de R$ 500 milhões em impostos. Além disso, foram fechados 3.500 postos de trabalhos e o número de empregos perdidos no setor gira em torno de 80.000. A luta entre empresários do setor fonográfico, donos de locadoras, poder público e camelôs está longe de acabar, uma vez que os valores cobrados nos produtos originais, por conta da alta carga tributária, são colossais, além da facilidade de se gravar um DVD com a evolução dos computadores.

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