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Universidade Federal de Alagoas - UFAL
 

18/11/2010
Comportamento
QUEM FALOU EM COMPROMISSO?

Em se tratando do campo afetivo, jovens alagoanos não hesitam em conhecer e “ficar”, mas não têm pressa em engatar namoro

Por Stéfany Caldas

Cada vez mais despreocupados e menos pressionados em estabelecer relações amorosas duradouras com os parceiros, muitos jovens de Alagoas afirmam ser adeptos do “ficar”, termo que, segundo eles, remeteria a encontros afetivos sem cobrança ou compromisso.

“É uma coisa normal que acontece antes de namorar, as pessoas se conhecem ficando”, diz o estudante Victor Hugo, 11 anos, que não se posiciona contra ou a favor, mas defende que cada um deve escolher o que considerar melhor para si. Já para Jonas Henrique, 16 anos, “ficar” nem sempre vale a pena, pois, a seu ver, pode não haver responsabilidade ou interesse num posterior relacionamento sério.

Isso porque, conforme explicaram os entrevistados, “ficar” seria uma espécie de relacionamento aberto onde não há espaço para cobranças, como fidelidade e dedicação. Nem mesmo um segundo encontro é garantido, já que as duas pessoas estão livres para conhecer e ficar com outras.

Flávia Nascimento, 44 anos, funcionário pública, mãe de Jonas, diz que apesar de ter vivido numa época em que prevalecia o namoro, não é totalmente contra esse tipo de relacionamento, porém, com algumas observações: desde que não se seja volúvel e se relacione com vários parceiros, mas, que as pessoas tenham determinada seleção e atenção com quem estão se envolvendo. Flávia se manifesta favorável ao compromisso, e “ao namoro sadio, em que o casal possa partilhar os problemas e as alegrias”, explica.

Para a assistente social Sâmara Ribeiro, de 24 anos, esse é um ato de irresponsabilidade, quando feito apenas por diversão e sem medir consequências, mas que pode ser o primeiro passo para a construção de um relacionamento sério, uma vez que possibilita que o casal se conheça, e perceba se há química entre eles.

MUDANÇA DE COMPORTAMENTO – Outro ponto observado pelos entrevistados é que junto com a disseminação desse tipo de relacionamento, também vem mudando a maneira de ambos os sexos se comportarem durante a conquista. Victor Hugo confidencia que na escola já começa a partir das meninas a abordagem e a iniciativa para ficar e conhecer melhor. Francisca Lima, 39 anos, estudante universitária, diz ter amigas que decidiram optar por serem “ficantes” e não pretendem evoluir para relacionamentos mais sérios, como namorar ou morar junto, já que é uma relação mais trabalhosa e conflitante. “É como se no ficar, as pessoas buscassem apenas o lado bom do namoro, que é o beijo, o abraço, o carinho, mas não querem compartilhar problemas; depois da diversão, é cada um na sua casa”, explica Francisca, que é a favor de um relacionamento sólido, e casada há 19 anos.

Segundo Sâmara, as mulheres também contribuíram para o desenvolvimento desse tipo de relação em que não há envolvimento pessoal, pois para ela, “as mulheres estão mais liberais, e por não cobrarem uma relação sólida, acabam vulgarizando-se, e perdendo o respeito por parte do companheiro”. Jonas acredita que essa maior tolerância e iniciativa por parte das mulheres têm seu lado positivo, já que, por ser muito tímido, foi graças à desinibição e empenho da atual namorada em conquistá-lo, que eles ficaram durante um mês, “para nos conhecermos melhor, já que pensávamos em assumir um compromisso um com o outro”, esclarece ele, e assim, estão namorando firme há 5 meses.

Para a psicóloga e orientadora educacional Alessandra Marinho, “ficar” é um tipo de relacionamento que vem se tornando natural entre os jovens, principalmente na adolescência, que é um período em que eles estão descobrindo sua sexualidade, e dessa forma começam a se interessar pelos relacionamentos amorosos. A profissional diz que não é interessante que os pais reprimam a atitude dos filhos, “mas saibam orientá-los a fim de que eles possam perceber a importância da estabilidade afetiva e emocional”, e assim fazer com que eles consigam desenvolver maturidade suficiente para assumir relações mais concretas, e principalmente saudáveis.

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