:: Projeto de Extensão Coordenado pelos professores e jornalistas
:: Erico Abreu (MTb 354-AL) e Francisco de Freitas





De:
Por:
Clique para fazer a busca!
MENU
 

Universidade Federal de Alagoas - UFAL
 

23/11/2009
Ciência&Tecnologia
UMA TEMPESTADE DE TECNOLOGIA

Com tecnologia avançada, o radar do Sirmal, instalado na Ufal e único no País, vem trazendo inovação e pesquisa para Alagoas, além de cumprir a sua maior missão: salvar vidas

Por Jéssyca Oliveira

Uma frente fria causada por uma massa de ar em movimento invadiu a Universidade. Mas isso não é motivo para pânico. Pelo contrário, esse é o objeto de estudo dos profissionais que trabalham no radar do Sistema de Radar Meteorológico de Alagoas, o Sirmal. Desde janeiro de 2003, quando começou a funcionar no campus A.C. Simões da Universidade Federal de Alagoas, o radar vem trazendo inovação e pesquisa para o Estado, além de cumprir a sua maior missão: salvar vidas.

Graças ao esforço dos professores do Departamento de Meteorologia da Ufal, Ricardo Sarmento Tenório e Luís Carlos Molion, e da parceria com a Universidade Estadual Paulista (Unesp) e a universidade francesa Paul Sabatier, o radar foi trazido de Bauru (SP) para Maceió. Já antigo e sem funcionalidade, ele foi digitalizado e teve um software próprio desenvolvido. Hoje, o equipamento é considerado o melhor do mundo quando se fala em monitorar chuva.

Único do tipo no País e com tecnologias que não existem em nenhuma outra parte do mundo, o radar emite ondas de comprimento intermediário que viajam a velocidade da luz e permitem ver com clareza gotas de chuva. Os dados estatísticos necessários para um trabalho preciso são calculados por um supercomputador que leva apenas 1 minuto para realizar um cálculo que um computador comum realizaria em 6 horas.

Comparada com a previsão feita por satélite, a margem de erro do radar é nula. Isso porque a sua precisão é bem maior, pois ele é capaz de enxergar chuva, enquanto o satélite envia dados referentes a nuvens, que podem precipitar ou não. O satélite é menos preciso também por causa do tamanho da área monitorada, formada por várias grades de 200 km cada, enquanto o radar está focado em uma área bem menor. Com um monitoramento que chega a 380 km, as ondas do radar alcançam do nordeste do Estado da Bahia até o sul do Rio Grande do Norte, e a estratégica localização do equipamento permite que a mesma quantidade de terra e água sejam monitorados, já que 80% das chuvas que caem no continente são originárias dos oceanos.

Toda essa tecnologia é usada em benefício de setores públicos e privados. A ligação direta com a Defesa Civil, por exemplo, permite que alertas de chuvas fortes sejam enviados com até 10 horas de antecedência, fazendo um trabalho de prevenção que pode salvar vidas. Em 2004, numa das chuvas mais fortes detectadas pelo radar, o Sirmal enviou um alerta e, naquela ocasião, não houve vítimas. Dois anos antes, quando o serviço ainda não funcionava, uma chuva parecida matou dezenove pessoas. No campo, os dados podem fazer os agricultores economizarem milhões em recursos hídricos e herbicidas, é a chamada agricultura de precisão. Turistas, hotéis e restaurantes poderiam usar os dados para saber se o clima está a favor ou contra o lazer e os negócios. Os complexos portuários, a arquitetura e a construção civil também podem ser alguns dos beneficiados com as informações do Radar.

Mas mesmo com o trabalho importantíssimo desenvolvido pelo Sirmal, as dificuldades financeiras fazem com que o trabalho dos profissionais fique limitado. Apesar de estar instalado dentro dos limites da Ufal, o radar não pertence à Universidade, que fornece seguranças e professores em troca de uma estrutura física onde possam ser ministradas aulas (não por acaso, os alunos de meteorologia da Ufal são os únicos do País a ter aulas sobre radar dentro de um radar) e para que sejam desenvolvidas pesquisas. Dos R$ 27 mil mensais necessários para se manter o salário dos funcionários e a manutenção dos equipamentos, apenas R$ 7 mil são arrecadados mensalmente. Esse dinheiro vem da contribuição de três usinas de açúcar do Estado que usam as informações do Radar em suas propriedades.

Para que essa situação consiga melhorar, o Sirmal vem buscando parcerias com outros órgãos privados, mas encontra a resistência da maioria deles depois de informar que o serviço precisa ser pago. “Meteorologistas de todo o mundo ficam encantados com o trabalho desenvolvido pelo Sirmal, mas aqui no Estado muitas pessoas desconhecem até a existência do radar”, diz José André Silva, gerente de Tecnologia da Informação. Em uma região onde desenvolver pesquisas e novas tecnologias sempre foi difícil, profissionais como os que trabalham no Sirmal lutam para reverter esse quadro. “O radar é um orgulho para Alagoas e o Nordeste”, completa.

Clique nas fotos para ampliá-las.

Clique para ampliar Clique para ampliar