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Universidade Federal de Alagoas - UFAL
 

18/02/2009
Opinião
A gente “não” se vê por aqui!

Comentário: Salomão de Miranda Marcos

Por Salomão de Miranda Marcos

Estava em Garanhuns jogando cartas com meu sobrinho quando escuto ao fundo Lenine cantando na novela Caminho das Índias. Fiquei estupefato! Disse para minha mãe de pronto: "Rapaz! A outra novela, aquela Duas Caras, também tocava uma música de Lenine, e agora ele engata mais uma na novela das oito seguinte!"

Fiquei realmente pasmado. Daí a primeira pergunta que me veio foi: "Será que não há artistas no Brasil suficientes para ocupar a grade sonora das novelas globais, a ponto de termos um mesmo artista gozando dos benefícios de ter um música numa telenovela?"

É óbvio que existem centenas ou milhares de artistas com uma qualidade de produção suficiente para serem ouvidos por milhões de telespectadores. O problema é que nem todos moram no Rio de Janeiro, terreiro-mor da Rede Globo. Também nem todos pertencem a uma grande gravadora como a de Lenine, que é a Universal.

Longe de mim duvidar da qualidade técnica e artística do pernambucano Lenine. Pelo contrário, eu gosto de suas canções, tenho em meu mp3 player as músicas de seu mais recente CD, intitulado Labiata, que é uma primorosa obra da Música Popular Brasileira. No entanto, a minha crítica fica aqui registrada para a Rede Globo, que é uma empresa que funciona por concessão pública, mas não abre espaço democrático para que um número maior de artistas sejam apreciados. Assim, a empresa não faz jus ao slogan “A gente se vê por aqui”, uma vez que todos os dias vemos o Cristo Redentor nas novelas, mas nunca assistimos ao Teatro Municipal de Manaus, nem escutamos Vitor Pirralho ou a Banda Eddie nos folhetins.

Precisamos de um modelo de comunicação mais democrático que o atual, para que mais pessoas tenham oportunidade de chegar a um público maior. A Reforma Agrária do Ar* de Wado não serve só para o rádio, a televisão também precisa de uma reformulação.

(*) Para ouvir Reforma Agrária, de Wado, baixe o CD Terceiro Mundo Festivo em www.uol.com/wado.